A apresentação do Estudo Internacional de Competências Sociais e Emocionais da OCDE teve lugar esta sexta-feira, na Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Sintra.
O presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, alerta para as conclusões deste estudo que diz “merecerem uma reflexão nacional por parte das escolas e sobre o modelo de ensino. Sintra, e não deverá ser muito diferente no resto do país, apenas 60% dos adolescentes de 15 anos esperam continuar a estudar e completar um grau superior”.
Para Basílio Horta “o problema é que a escola se tornou apenas uma fonte de conhecimento e ignora o talento. Os jovens querem tocar música, querem conhecer cinema, teatro, literatura. Isto em termos nacionais é uma perda completa, uma perda de talentos”, alerta o autarca.
A sessão de abertura contou com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Sintra, Bruno Parreira, Secretário de Estado Adjunto e Educação, João Costa, administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d'Oliveira Martins e o diretor do AE Monte da Lua, Nuno Cabanas.
A realização desta cerimónia significa, para Bruno Parreira, “o reafirmar do compromisso do Município de Sintra na procura de uma política educativa de excelência”. “Sintra é um dos concelhos do país com mais crianças e jovens, mais heterogéneo e multicultural, o que significa um enorme desafio e uma responsabilidade imensa da qual temos perfeita consciência e assumimos como nossa. E será esta a nossa responsabilidade, pegar neste documento e torná-lo num referencial de atuação futura”, concluiu.
Durante a apresentação, João Costa começou por agradecer a Sintra a “coragem e a ousadia” na realização deste estudo, “num campo para muitos ainda exploratório e difícil de entender”. Para o Secretário de Estado Adjunto e Educação “Sintra tem um potencial imenso, por ser como um tubo de ensaio que nos permite tirar conclusões para o resto do país. E isto é muito importante pela dimensão do concelho, mas também pelo que o concelho representa em termos de diversidade e multiculturalidade que estão aqui representadas”.
O estudo sobre “Competências Sociais e Emocionais (SSES)”, iniciado e coordenado internacionalmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), resultou de um protocolo estabelecido entre o Ministério da Educação, Câmara Municipal de Sintra e a Fundação Calouste Gulbenkian, em 2018.
A realização deste estudo pretendeu avaliar as competências sociais e emocionais das crianças e jovens e apoiar as cidades e os países envolvidos a desenvolver melhores práticas neste domínio, em que se inclui os resultados de Sintra, a única cidade portuguesa participante entre 2018 e 2019.
O território do Concelho de Sintra foi o escolhido para a realização do referido estudo, com aplicação dos questionários. Num universo dos alunos, das escolas da rede pública e privada, teve por objetivo uma amostra constituída por 3.000 alunos de 10 anos e 3.000 de 15 anos, envolvendo, igualmente, docentes, famílias e diretores de agrupamentos de escolas e escolas privadas.
O inquérito da OCDE centrou-se em 15 competências sociais e emocionais que incluía desde a curiosidade e criatividade até ao controlo emocional.
Em relação aos resultados, este estudo, reconhece que as competências emocionais e sociais são determinantes no desenvolvimento pessoal dos alunos, no seu sucesso académico, com impacto na autoestima individual, mas também no desempenho profissional futuro e na construção de comunidades, onde os valores essenciais, associados ao conhecimento, tornarão o mundo local e global mais justo.
Reconhece, igualmente, que estas competências são essenciais num mundo em permanente mudança, para a construção de um futuro em que interagem de forma dinâmica conhecimentos, capacidades, atitudes, relação, participação na comunidade e bem comum.
O estudo apresenta ainda que os contextos familiares são determinantes na promoção das competências sociais e emocionais. Assim, o papel da escola, como estímulo à sua aprendizagem e desenvolvimento, deve atender àqueles que tendo menos oportunidades, resultantes da sua condição socioeconómica, possam encontrar os contextos de qualidade que lhes permitam progredir na mobilidade social.
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